Burnout Não É Fraqueza: É Um Pedido do Corpo por Cuidado
- Sergio Duarte

- 20 de jul.
- 2 min de leitura
Uma visão da Psicologia Humanista sobre o esgotamento emocional

Na visão da Psicologia Humanista, o ser humano é visto como um organismo em constante busca de equilíbrio, autenticidade e autorrealização. Quando esse organismo grita por socorro, como no caso da síndrome de burnout, ele não está revelando fraqueza — está expressando, de forma legítima e profunda, um pedido por cuidado, presença e escuta.
Burnout é um estado de esgotamento físico, mental e emocional causado, em grande parte, por uma vivência prolongada de estresse e sobrecarga no trabalho. Mas, para a abordagem humanista, ele não pode ser compreendido apenas como uma reação ao ambiente externo. Ele precisa ser entendido como um sinal de desalinhamento entre o que a pessoa faz e quem ela realmente é.
Carl Rogers falava sobre a importância da congruência — um estado no qual nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos estão em harmonia. O burnout surge, muitas vezes, quando essa congruência é quebrada: quando uma pessoa passa a viver em constante desconexão de suas necessidades emocionais, ignorando seus limites em nome da produtividade, da aceitação externa ou do perfeccionismo.
Dizer que o burnout é fraqueza é ignorar a complexidade da existência humana. É desconsiderar o peso de um sistema que frequentemente valoriza mais o desempenho do que o bem-estar. A Psicologia Humanista convida a olhar para esse sofrimento com empatia e compaixão, reconhecendo que o corpo e a mente falam quando a alma está cansada de não ser ouvida.
O corpo, quando adoece, não está nos traindo — está tentando nos proteger. O burnout, sob essa ótica, pode ser compreendido como uma mensagem sábia, ainda que dolorosa: um chamado para parar, refletir, resgatar o contato com aquilo que é essencial. Em vez de enxergar esse estado como fracasso, podemos reconhecê-lo como um ponto de virada, um convite à transformação.
Nesse sentido, acolher o burnout é também um ato de autenticidade e coragem. É reconhecer que há algo em nossa forma de viver que precisa ser reavaliado. É um convite para nos perguntarmos: o que estou tentando sustentar que já não me sustenta mais? Onde foi que me perdi de mim? Que partes minhas estão sendo silenciadas em nome de uma exigência que não é minha?
A Psicologia Humanista não busca rotular nem patologizar a dor. Ela busca compreender, humanizar e integrar. Assim, o burnout não é um inimigo, mas um espelho honesto, que nos mostra que o caminho da saúde não é a performance contínua, mas a escuta sensível de si mesmo. É na pausa, no cuidado e no reencontro com a própria verdade que o ser humano pode, enfim, voltar a florescer.



