Ansiedade: compreendendo o medo e promovendo o autocuidado – uma visão humanista
- Sergio Duarte

- 20 de jul.
- 2 min de leitura

A ansiedade, em sua essência, é uma expressão legítima da condição humana diante da incerteza, da vulnerabilidade e da consciência de si. Não é apenas um transtorno a ser tratado, mas um sinal a ser escutado. Sob a ótica da Psicologia Humanista, a ansiedade não é vista como uma falha ou disfunção, mas como um convite ao autoconhecimento e à reconexão com nossas necessidades mais profundas.
O medo — núcleo central da experiência ansiosa — é uma emoção fundamental que nos protege, orienta e alerta. No entanto, quando não é reconhecido ou aceito, transforma-se em um estado constante de tensão, antecipação e desamparo. Muitas vezes, por trás da ansiedade crônica, existe uma tentativa desesperada de controlar o incontrolável, de se proteger de feridas antigas ou de corresponder a expectativas externas que negam a autenticidade do ser.
Dentro de uma abordagem humanista, o primeiro passo no cuidado com a ansiedade é acolher esse medo com empatia. Isso significa permitir que o indivíduo fale sobre suas angústias sem ser interrompido, diagnosticado ou apressado a “melhorar”. Trata-se de criar um espaço seguro onde ele possa, talvez pela primeira vez, se ouvir e se permitir sentir, reconhecendo suas emoções como válidas.
A escuta empática e o respeito pela singularidade do outro são os pilares dessa abordagem. Quando uma pessoa ansiosa é compreendida em sua totalidade — não apenas em seus sintomas, mas em sua história, suas experiências e seus valores — ela começa a se reconectar consigo mesma. Essa reconexão é o que chamamos de autocuidado genuíno: não uma lista de práticas padronizadas, mas o desenvolvimento de uma relação mais gentil e compassiva consigo.
Promover o autocuidado na ansiedade, portanto, não é ensinar a “controlar” o medo, mas ajudar o indivíduo a escutá-lo com atenção e sensibilidade. É ajudá-lo a perceber quais são os contextos, as relações e os padrões internos que alimentam esse estado de alerta constante. É cultivar a aceitação da própria humanidade: reconhecer os limites, honrar os desejos e revalorizar o silêncio, o descanso e o direito de simplesmente ser.
A Psicologia Humanista nos convida a olhar para a ansiedade não como inimiga, mas como uma mensageira. Ao compreendermos o medo e nos aproximarmos dele com empatia e coragem, criamos espaço para que o indivíduo redescubra seu próprio caminho de cuidado, equilíbrio e crescimento.
No fim, é no encontro humano — verdadeiro, acolhedor, livre de julgamentos — que a ansiedade encontra espaço para se dissolver, e o ser encontra forças para florescer.



